O ministro da Educação, Claude Meisch, afirmou recentemente numa entrevista ao Luxembourg Times que iria exigir às escolas internacionais que ensinassem luxemburguês aos seus alunos. Isto faz parte de um plano de coligação para reformar o sistema de ensino internacional e criar uma educação internacional pública acessível, de forma a promover a “coexão social”.
Porque é que os luxemburgueses não haviam de gostar? As crianças aprendem línguas facilmente, e ficamos com mais uma geração de estudantes capazes de falar luxemburguês, uma língua que muitos acreditam estar em declínio. Mas há muita coisa de errado com a proposta de Meisch.
As escolas internacionais atraem uma população diferente das escolas secundárias regulares. As pessoas colocam os seus filhos nas escolas internacionais porque elas oferecem um currículo mais interessante ou porque valorizam o facto de o ensino ser em inglês. Alguns pais não tencionam permanecer no Luxemburgo por muito mais tempo. Qual é a necessidade de ensinar uma língua a uma criança que ela vai apenas falar de uma forma atabalhoada após cinco anos, e depois nunca mais vai voltar a usar?
Os leitores luxemburgueses podem achar que a minha opinião é típica de um expatriado que não fala a língua. Mas acontece que eu sou luxemburguês e esta é a minha língua materna. E mesmo assim acho que a proposta não tem muito sentido. Eu dou por mim a entrar em discussões semelhantes na Bélgica, onde os flamengos lamentam a educação inadequada do holandês na região francófona de Valónia. É uma realidade que o francês é internacionalmente mais útil que o holandês. E o mesmo acontece com o luxemburguês. Se perguntarmos a uma pessoa luxemburguesa a viver no estrangeiro quantas línguas é que ela fala, na maior parte das vezes a resposta é: “quatro, se contar com o luxemburguês”.
A infeliz realidade desta proposta é uma questão política. Parte do eleitorado luxemburguês está preocupado com um alegado declínio no uso da língua. Claude Meisch está a tentar apaziguá-los. O medo desses eleitores não tem, no entanto, fundamento. A realidade é que, de acordo com uma sondagem da TNS Ilres, o luxemburguês é a língua de 77% da população, e dessa percentagem 94% tem entre 16 a 24 anos. Meisch também o sabe, mas em vez de cumprir a árdua tarefa de explicar isso aos eleitores, decide pôr em prática uma política que não vai ajudar nem a língua, nem os pais, nem os alunos.
E a própria proposta não é uma vitória para a cultura do país. A língua nacional não está em perigo, mas mesmo se estivesse, o problema não se resolveria com algumas centenas de estudantes a aprenderem-na nas escolas internacionais. Para aprender luxemburguês é preciso participar em coisas, como a vida cultural ou política, que através do luxemburguês são muito mais acessíveis. Participar nestas coisas não é algo que o Governo possa impôr. As pessoas que não querem fazer parte disso, devem ser livres e ser recebidas como convidadas neste país. Os que se querem sentir verdadeiramente ligados ao país não precisarão de aulas obrigatórias.
This article was translated into Portuguese by Contacto, from the English original in the Luxembourg Times.
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